
(foto by Fê Lesnau) Vivíamos uma época pouco amistosa aqui no RS quando a Guíça começou a treinar. Era uma guerra declarada com o outro lado descontente pedindo que condutores não fizessem inscrições para as provas oficiais que realizámos. Ridículo. É agility, e não comparecer em uma prova é no mínimo tornar mais fraco o esporte que já é fraco, enfim...
Não havia onde testar, ambientar, acostumar e tals.
Dessa forma a Guíça caiu direto na abertura do VIII Brasileiro de Agility em Campinas, 21/10/2006. Impensável, tanto tempo. As vésperas da prova o Schummy pisou numa lagarta e queimou a almofada de uma pata dianteira. De última hora tive que fazer a carteira dela, ligar pra São Paulo solicitando a alteração da inscrição, fazer a vacina da gripe e treinar dois obstáculos que ela não sabia. Muro e salto em distância.
Foi complicado.
Minha confiança era zero em tudo, porém tinha ainda lá no fundinho da minha carcaça uma ponta de esperança de que ela terminasse as duas pistas do final de semana. Iniciantes entravam apenas uma vez por prova, já comentei aqui sobre o assunto outras vezes.
Vamos direto ao ponto e pular por exemplo o fato de que ela ficou dois dias sem fazer xixi. Eita bicho do mato. Nas últimas viagens assim que soltávamos da caixa ela já fazia xixi, cocô, tomava água, brincava. Foi um choque muito grande aqueles três dias.
Na prova de sábado estava indo bem, com dois refúgos até chegar na passarela quando ela subiu até o meio e ali empacou. Pulou de lá e não quis mais subir, terceiro refugo. Do nada. Até aquele momento estava indo bem. A pista era meio chata e o piso ruim. Carpete. Tentei fazer ela subir novamente pensando no domingo. Não quis.
Nem entrei em pista no outro dia.
Era complicado entender o que passava na cabeça dela. Eu tinha um cachorro sem medo algum de nada, que era amigo de qualquer pessoa que tivesse algo na mão, que entrava em pista sempre dando 120% do que tinha. Meu sonho era que ele desse apenas 70%. Ver a Guíça, daquela forma, me fez pensar primeiro em deixa-la em casa.
E foi o que fiz. Parei de treinar. Ela voltaria a competir dois anos depois.